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Visita do ministrado do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, ao JBS de Lins, em 2023 (Foto: Governo Federal) |
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), anunciou recentemente, por meio da rede social Truth Social, que pretende aplicar uma tarifa de 50% sobre a importação de todos os produtos brasileiros.
Na prática, isso significa que os consumidores americanos pagarão mais caro por itens como café, carne, laranja e outros produtos de forte peso na balança comercial do Brasil, a partir de 1º de agosto. A medida deve reduzir a demanda e afetar toda a cadeia produtiva nacional.
O novo imposto pode frear um crescimento significativo nas exportações de Promissão — e principalmente de Lins — para os Estados Unidos. Juntas, as duas cidades embarcaram US$ 63,4 milhões a mais em produtos no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024.
Promissão
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Promissão exportou US$ 26,8 milhões para os EUA no primeiro semestre de 2025 — um salto de 201% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que representa US$ 17,9 milhões a mais.Apesar do crescimento expressivo, os Estados Unidos representam apenas 6,5% das exportações promissenses. A China é destaque absoluto e absorve 55% da carne bovina e seus subprodutos produzidos no município pela Marfrig.
Os outros 45% - que incluem os 6,5% dos EUA - tem destino bastante diversificado. A Italia, por exemplo, tem praticamente a mesma porcentagem de participação.
Lins
Assim como em Promissão, os produtos enviados aos EUA são majoritariamente carne e subprodutos, como couro e miúdos. Em Lins, essa produção tem como principal responsável a unidade da JBS, uma das maiores empresas do setor no mundo.
Mas em Lins a tarifa de 50% também deve impactar a exportação de álcool e açúcar, que representam cerca de 10% dos embarques linenses ao mercado americano.
Aumento e motivação política
Inicialmente, a tarifa seria de 10%, justificada por um superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil. O aumento para 50%, porém, surpreendeu o mercado brasileiro.
A medida tem conotação política explícita: o próprio Donald Trump afirmou que a nova tarifa é uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de tentativa de golpe de Estado — processo que culminou nos atos de depredação em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
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O presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB) sinalizaram, em entrevistas recentes, que o governo busca alternativas para negociação ou adoção de contramedidas.
Roberto Perosa, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), afirmou que a nova tarifa pode tornar inviáveis as exportações de carne para os EUA.
Acusações ao STF
Em resposta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, divulgou carta no domingo (13) afirmando que a decisão americana foi baseada em uma “compreensão imprecisa dos fatos” e que “no Brasil de hoje, não se persegue ninguém”.
Barroso também negou a existência de censura no país e defendeu as decisões da Corte, citando a responsabilização moderada das redes sociais por conteúdos ilegais. Segundo ele, a regulação brasileira é menos rígida que a europeia, preservando a liberdade de expressão, de imprensa, de empresa e os valores constitucionais.