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Atendimento do MEI (Foto: Agência Sabrae) |
Criado em 2009, o MEI (Microempreendedor Individual) tem sido um importante instrumento de formalização para trabalhadores autônomos e pequenos empreendedores no Brasil. Dados atualizados até maio de 2025 mostram que, em quatro das cidades da região — Lins, Promissão, Guaiçara e Avanhadava — os MEIs já superam o número de empresas de outros portes.
Em Guaiçara, por exemplo, 72,4% das empresas ativas são MEIs, enquanto em Avanhadava, 56,4% dos negócios estão registrados nessa categoria. Nem mesmo centros urbanos maiores ficam de fora. Em Lins, com mais de 80 mil habitantes, os MEIs já representam 54,6% das empresas. Promissão aparece com 52,4%. Apenas Penápolis está abaixo da maioria, com 46,8%, mas ainda assim revela um cenário de expressiva adesão à modalidade.
Confira os dados por município:
A armadilha por trás dos números
Apesar de representar um avanço em termos de formalização e inclusão econômica, o consultor empresarial Jairo Pereira, da Ello Capital, alerta para os riscos da popularização excessiva e mal orientada do MEI.
“É muito ruim ter essa quantidade de MEIs. Porque, na maioria das vezes, essas empresas são abertas de forma errada, sem planejamento, sem estratégia, sem orientação. A pessoa liga o computador, formaliza ali rapidinho, mas não sabe para quem vai vender, como formar preço, como lidar com concorrência ou tributos”, critica.
Jairo explica que abrir um CNPJ é apenas o primeiro passo — e, muitas vezes, o mais fácil. O problema surge quando o microempreendedor negligencia etapas fundamentais do negócio, como análise de mercado, gestão tributária e precificação.
“Tem empresários que nem pagam aquela taxinha mensal. Depois de dois, três anos, o CPF bloqueia, a conta bancária trava, e vira uma bola de neve. A pessoa se enrosca de verde e amarelo”, completa.
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Jairo, à direita, com seu sócio na Ello Capital, Cleivan Souza (Foto: Arquivo/Instagram) |
MEI: porta de entrada ou maquiagem trabalhista?
A proposta inicial do MEI era nobre: permitir que trabalhadores informais — como ambulantes, manicures e eletricistas — passassem a existir legalmente, com direito a CNPJ, emissão de nota fiscal, conta bancária e acesso a crédito. E, de fato, muitos casos se concretizaram em trajetórias de sucesso.
“Conheço vários empresários que começaram como MEI e hoje têm duas, três filiais. Multiplicaram por 50 o faturamento. Para quem é empreendedor de verdade, o MEI é uma porta de entrada excelente”, afirma Jairo.
No entanto, ele reconhece que o modelo também tem sido distorcido. Em vez de fomentar o empreendedorismo genuíno, muitas empresas utilizam o MEI como subterfúgio para reduzir encargos trabalhistas, contratando trabalhadores como se fossem prestadores de serviços.
“O Brasil perdeu a mão nisso. O que era para ser uma ferramenta de formalização virou uma válvula de escape para empresas fugirem da CLT. É comum encontrar empresas com dezenas de MEIs emitindo uma nota por mês, sempre para o mesmo cliente. Isso é disfarce de vínculo empregatício, e mais cedo ou mais tarde vira processo na Justiça do Trabalho”, adverte.
Benefícios reais — quando bem usados
Apesar dos riscos, os benefícios do MEI permanecem relevantes — desde que usados da maneira correta. Entre as vantagens estão a carga tributária reduzida, acesso facilitado a crédito e o ingresso formal no mercado.
“Você passa a existir no mundo empresarial. Pode assinar contratos, participar de licitações, abrir conta em banco e, principalmente, contribuir para a Previdência. É muito mais barato que ser autônomo pessoa física”, explica o consultor.
Mas ele reforça que o sucesso depende de um detalhe essencial: orientação profissional.
“Economizar no início com assessoria é uma economia burra. Os problemas vêm depois e custam caro. Se você tem um problema de saúde, procura um médico. Com negócios é a mesma coisa. Procure um contador, um consultor. Isso faz toda a diferença.”
Para não cair em armadilhas, acesse www.ellocapital.com.br e saiba mais sobre como começar uma empresa. Siga a @ello.capital para estar por dentro do que acontece no mundo dos negócios.